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sábado, julho 10, 2010

Poema para as nossas crianças

Era uma vez

 
Era uma vez


Um país de várias cores


Onde as ruas têm nomes de flores


E os sonhos se tornam realidade.


Sou criança, sou inesgotável


Ser criança é ser inesgotável na razão,


A razão que transforma qualquer emoção,


A razão que leva ao infinito da questão.


Ser criança é ver por entre cegos,


É sorrir constantemente,


É ter em mente a alma límpida e brilhante,


A alma que viaja sem maldade,


A alma que cava lealdade.


Faço castelos de areia,


Onde fico congelada e radiante,


Radiante porque sou criança triunfante,


Radiante pela experiência expectante.


Construo o meu ser para além da sombra dos outros,


Construo o meu querer pelo presente do que penso,


Sou infantil no mistério da realidade,


Sou infantil porque a fantasia conheço.


Ser criança é ser imortal,


Ser criança é poder cantar em liberdade,


Ser criança é dar luz à verdade.


Susana Ferreira

quinta-feira, julho 08, 2010

Meninos de todas as cores


Era uma vez um menino branco chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:

É bom ser branco

porque é branco o açúcar, tão doce,

porque é branco o leite, tão saboroso,

porque é branca a neve, tão linda.

Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:

É bom ser amarelo

porque é amarelo o Sol

e amarelo o girassol

mais a areia da praia.

O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:

É bom ser preto

como a noite

preto como as azeitonas

preto como as estradas que nos levam para

toda a parte.

O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.

Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:

É bom ser vermelho

da cor das fogueiras

da cor das cerejas

e da cor do sangue bem encarnado.

O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:

É bom ser castanho

como a terra do chão

os troncos das árvores

é tão bom ser castanho como um chocolate.

Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:

É bom ser branco como o açúcar

amarelo como o Sol

preto como as estradas

vermelho como as fogueiras

castanho da cor do chocolate.

Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.


Meninos de todas as cores, Luísa Ducla Soares
Aventura das Letras

Porto, Porto Editora, 2003

De pequenino se torce o pepino